terça-feira, 28 de outubro de 2014

A suposta Família

Olá amigos,

Hoje decidi escrever sobre a família aqui no blog. Dei comigo a pensar: O que significa a minha família na minha vida e na minha carreira? E para vocês amigos, o que representa a família em vossas vidas?

Bem, é sobre esse tema que vamos falar aqui, aproveitando para vos contar a história da Maria, grande sonhadora de 20 e picos anos. Apanha a onda e continua a ler este post. Importante ressaltar que, no meu ponto de vista, uma família não se resume no modelo clássico de pai / mae, irmão / irmã. Uma família constitui -se de pessoas que convivem e se relacionam e possuem um elo mais forte do que os seus proprios objectivos comuns. Aproveitando a onda, quero agradecer a minha família que me atura noite e dia, pois sem ela, nada faria sentido!
A Maria tal como eu, é uma jovem cheia d sonhos, cheia de ambicões, tinha o sonho de ser actriz. Emigrou para a América do Norte, precisamente na grande cidade de Nova Iorque. Foi viver com os tios e primos, passando assim a ser o "novo" membro da família Carvalho. Fora bem recebida pelos familiares. Ela adorava aquela grande cidade, onde a diversidade linguística era coisa de outro Mundo, razão pela qual decidiu emigrar para a Nova  Iorque. A família Carvalho é constituída por 7 elementos, dois rapazes, três raparigas, o papa e a mãmã. É uma família muito reservada, eram poucas as vezes que se juntavam por exemplo, para jantar, era complicado. Os rapazes passavam tempos a fios a "matar" os seus neurónios com jogos de playstation, ( o que as novas tecnologias fazem à juventude).As donzelas, gastavam o seu precioso tempo, ou a ver novela ou a pintar unhas, ou a fazer outras coisas de meninas. Maria por sua vez, era o oposto desta família. Era uma rapariga extraorvertida, era curiosa. Gostava de sair, de passear, conhecer sítios novos, de conhecer pessoas novas. Não poderia ter escolhido melhor país para tentar fazer vida. Certo dia, decidiu sair, andar sem destino andar sem se preocupar com o tempo, mas a mãmã Carvalho não gostava das saídas da Maria. Começaram então a surgir problemas entre as duas. A jovem sonhadora tinha a sua forma de viver. Foi viver com os tios porque acreditava que as coisas iriam resultar naquele país. Maria começou a notar os comportamentos estranhos de sua tia e perguntou -a se se passava algo.- Não, não se passa nada - disse a tia Carvalho.
- Então porque é que a tia está estranha comigo?
- Olha aqui, Maria eu já te disse que não se passa nada, - respondeu a tia à sobrinha que insistia em saber o que se passava. Depois de várias tentativas da parte da jovem, e não obtendo resposta satisfatória, decidiu retirar -se. Subiu para os seus aposentos, onde chorou a noite toda. Ao fim de alguns dias, a mãmã Carvalho passou a controlar todos os passos que a jovem dava dentro de casa, (só nao a controlava na rua, porque não tinha esse poder), desde o momento que entrava (controlando as horas), a forma como abria a água para tomar banho, a comida que punha no prato...como se de uma criança se tratasse! Emigrou com esperanças de ter uma vida melhor em casa dos titios...mas as coisas não aconteceram como ela idealizou! A mãmã Carvalho começou a medir a água com a qual ela iria tomar banho, começou a controlar quantas vezes a pobre coitada metia roupa na máquina, as saídas..enfim a controlar tudo!!
"Maria para onde vais?", "Maria a que horas voltas?"!! Perguntas do género que a mãmã Carvalho fazia, vezes sem conta, à Maria.
Pois é, caros amigos, isto aconteceu com a Maria, mas podia ter acontecido contigo, comigo, com qualquer pessoa que decidisse emigrar para casa de familiares. As vezes, a família, aquela que deveria ser o nosso suporte, o nosso pilar, é aquela que nos maltrata, nos tenta derrubar! É complicado! Maria, apesar dos obstáculos, não desistiu de lutar, decidiu antes, mudar de país. Fora viver com os irmãos num outro país!
A história de Maria, que acabaram de ler, foi baseada em factos reais.
"não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti", 

Paz e Amor para todos

 Bem haja


Margarida C. Urolis


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Á descoberta do desconhecido


Acabavam de tocar 20horas, significava isto que o telejornal iria para o ar! Como era habitual a essa hora a comida estava pronta, todos se juntavam à volta da grande tigela cheia de arroz, todos prontos a comer e a escutar o que se passava em Portugal e no Mundo.
Entre colheradas, risadas e olhares atentos ao o que se passa dentro e fora do país que nos acolhera em meados do ano de 1998 vimos uma reportagem, na qual me identifiquei do início ao fim da mesma. Ouvi e vi pessoas que, que por razões de forca maior foram obrigadas a emigrar. Deixaram tal como deixei a minha terra Natal ( Guiné - Bissau) para trás, o país que lhes viu nascer e crescer, deixaram a família, os amigos, os animais de estimacao, e tudo ao que estavam habituadas, deixaram para trás um bocadinho ou melhor, dizendo, metade delas.
Identifiquei me muitas vezes no que estas pessoas diziam, "vou ter de emigrar porque nao tenho condições de vida". Cada abraco de despedida dado a um ente querido, cada lágrima derramada, lembrava me na hora que tinha que despedir da minha família e amigos, da minha escola e professores...até do meu galo! De um galo?- Perguntavam voces-Sim tinha um galo, pertencia me! Foi me dado pelo meu pai! infelizmente, ao fim de 2 anos, da minha vinda para a Europa, o meu querido galo foi morto pelos mais velhos da minha aldeia.
Em busca de uma vida melhor, tive que passar por isso e muito mais. A verdade é que quem nunca passou por isto, nunca vai perceber o quão importante e desejoso é ter a família por perto. São "obrigadas" a embarcar, muitas vezes, rumo ao desconhecido, a "navegar por mares nunca antes navegados", arriscando suas proprias vidas em busca do desconhecido, daquilo que no seu pais não têm acesso. Partem para longe , por vezes, onde tudo é diferente daquilo a que estavam habituados.
Na minha chegada a lisboa deparei me com inúmeras coisas diferentes. A cultura, as pessoas, o idioma, as casas, as estradas...tudo, tudo era diferente! Confesso que nao foi nada mas nada facil adaptar me a um "novo" mundo que me esperava descobrir, mas ao longo dos anos com a ajuda de muita boa gente lá consegui, aos poucos, adaptar me a esta nova cultura, a este novo idioma a estas novas pessoas, enfim a este novo desafio! Passaram se uns bons 15 anos, enfrentei batalhas, ultrapassei obstáculos, das setes vezes que caí levantei me na oitava e venci! Consegui ser a primeira mulher da minha familia a terminar uma licenciatura!
Pela primeira vez imigrei!!
Imigrei de Lisboa para Portalegre. Cidade onde á primeira estranha- se tudo depois entranha -se! Mais uma vez tudo era novo, mas o "novo" aqui nao tinha grande dimensão, como na minha viagem Guiné - Portugal. Ai Portalegre! Cidade que me acolheu durante três anos de curso, cidade dos amores!
Fiz grandes amizades, amizades que levo comigo para o resto da vida. Fiz parte de uma grande família académica que é a Tuna Papasmisto. Familia esta que agradeço do fundo do meu coracao por todos os bons e maus momentos! Uma vez Tuno, Tuno para Sempre! Ai Portalegre! Três anos se passaram, agora sim ia começar o verdadeiro significado da palavra EMIGRANTE para mim. Sim porque, antes tinha a familia por perto e tinha sempre um ombro amigo sempre que necessitasse.
Meados de Julho, 2013, ja com a licenciatura feita, sem filhos, sem nada que me "prendesse" decidi aventurar me, nao no sentido da palavra, decidi "navegar por mares desconhecidos" . Pois bem, Inglaterra foi o meu destino!!
"Oh meu Deus, Ingles? Chicken and Chips? Frio?" -pensava eu. No meio de receios, de muitos pensamentos ( se as coisas iriamm correr bem ou não), ao fim de um mês, decidi fazer as malas e fui em busca do meu sonho. Na minha chegada à Londres, fui recebida com chuva , trovoada e frio! -nao sei se aguento a isto!-pensei eu no momento. E mais uma vez, estava perante uma cultura , uma lingua, um clima, as pessoas...oh meu Deus tudo completamente diferente, ao o que estava habituada!! O pior de tudo é quando se chega a um país novo, ter de aprender o idioma, o que implica, por vezes, ir às aulas duas vezes por semana onde durante 2 horas e 30 minutos vai se aprendendo a língua do país. Duas vezes por semana!! Hum uma semana tem 5 dias utéis! Se se vai a escola em dois, o que fazia eu nos três dias restantes?? Pois bem..era um tédio. Tive de aprender a preencher os meus dias claros, digamos assim! Passaram -se meses fui me adaptando, arranjei um trabalhinho! Iupiii ja tinha como ocupar os dias em que não fazia nada.  Mas as saudades da familia, dos amigos, até do meu galo ( :( que os mais velhos decidiram fazer para o seu banquete) tinha saudades!!
Ser emigrante, como muita gente pensa, nao é sinónimo de luxo, para se ter esse luxo e preciso passar por muito meus amigos!! Quando decidi mudar de pais, é porque queria mudar a minha vida. Custou me deixar para trás familiares e amigos, o espaco a que estava habituada.
  A saudade era a minha companhia de todas as manhãs, de todas as tardes..de todas as noites. Depois de ter conseguido o tal trabalho, a motivação e força que tinha para enfrentar cada novo dia, era diferente... era grande!! Mas faltava me sempre algo, não me sentia completa.
Sentia falta do carinho da minha familia, dos meus amigos, sentia falta do meu espaco, mas sim, já alguém dissera que "a vida nem sempre nos sorri, " que "o sol não brilha todos os dias". Ah pois! A vida de emigrante nao é, de todo, uma vida fácil, está muito longe disso.
Por vezes, ela é madrasta, é rude, obriga-nos a tomar decisões, fáceis e outras complicadas, mas não temos como fugir delas, quer queiramos, quer não...é preciso tomá-las.


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